Em 1989, o tucano Mario Covas e o trabalhista Leonel Brizola subiram, no segundo turno da eleição presidencial, no palanque do petista Lula para dizer que, mais forte que qualquer divergência que poderia haver entre eles o momento era de juntar forças para atacar o adversário comum, Fernando Collor.
Covas e Brizola tiveram, naquela ocasião, o desprendimento e a altivez dos grandes homens públicos, dos estadistas.
Também sabiam o que uma eleição em dois turnos representa: uma escolha entre dois projetos ideológicos distintos.
Covas e Brizola não se colocaram, diante de uma disputa tão importante para o país, como fez agora a senadora verde Marina Silva, neutros.
A neutralidade não significa nada. Ou melhor, significa que, diante de uma opção absolutamente clara você não escolhe nenhuma. E, ao fazer isso, você se omite.
E o político que se omite, neste momento, como fez a senadora verde sob o cômodo manto da neutralidade, corre célere para se juntar a tantos outros que ficaram esquecidos no lixo da história.
Talvez poucos se lembrem que, no ano 2000, Covas, com câncer, adiou uma delicada cirurgia, para numa cadeira de rodas, prestar seu apoio público à candidata do PT, Marta Suplicy, no segundo turno da eleição municipal paulistana. Do outro lado estava Paulo Maluf, político que cresceu à sombra da ditadura militar que tanto mal fez ao país. No ato, comovente, Covas assim explicou a sua decisão: “Não é apenas uma eleição, é mais do que isso. Votar em Marta é uma afirmação da cidadania."
Nenhum comentário:
Postar um comentário