Na crônica anterior afirmei que os empresários de comunicação estão entre os mais reacionários que existem.
Não fiz isso com base apenas na política salarial que mantêm, intransigentemente, nesses anos todos, rejeitando toda e qualquer proposta de aumentos reais e concordando, quando muito, em repor a inflação.
Cabe lembrar que foram eles os responsáveis pela derrubada da exigência do diploma de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão, causa a que se dedicaram com profunda abnegação por mais de 20 anos, além de terem conseguido ainda extinguir a Lei de Imprensa.
Se os dois feitos nada acrescentaram de positivo ao jornalismo brasileiro, ajudaram muito o patronato a enfraquecer a categoria dos jornalistas e reforçar o poder da imprensa, cada vez mais desobrigada de publicar o contraditório - quem se sente vítima de calúnia, infâmia ou injúria está agora sem uma legislação específica que regule as relações da imprensa com a sociedade e nas mãos de uma Justiça lenta e cara.
A nova investida dos donos dos meios de comunicação tem sido sobre as incipientes pretensões da sociedade civil de fazer com que eles deem mais valor ao seu papel social. O patronato não quer nem ouvir falar disso. Para os empresários, a tentativa é apenas uma forma de sufocar a "liberdade de imprensa" que tanto dizem prezar.
O fato é que, se tivesse a sensibilidade de perceber o quanto o país está mudando para melhor, a imprensa poderia ser um instrumento formidável para acelerar esse processo. Não se trata, absolutamente, de exercer o jornalismo "chapa branca", que nada mais é que publicidade disfarçada. Trata-se apenas de procurar fazer o trabalho da melhor maneira possível, com os profissionais mais qualificados, pautando a ação pelo interesse público - aquela velha história de que o jornal só existe por causa do leitor.
Acontece que essa providência aparentemente simples implica um senso de responsabilidade que, tudo indica, está muito além da compreensão dos empresários do setor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário