terça-feira, 25 de maio de 2010

O poder incontestável

O problema abordado na "crônica" anterior não é um fato isolado. Infelizmente, existem empresas jornalísticas que não estão nem aí para o direito de resposta, pois sabem que a Justiça brasileira também pouco se importa com os princípios básicos da cidadania.
Com isso, a imprensa acaba fazendo ela mesma suas próprias leis, beneficiando os amigos, contando as histórias do jeito que quer, ignorando o contraditório - extrapolando, em suma, de suas funções.
O governo Lula fez uma tentativa tímida de superar esse status quo, quando, logo em seu início, acolheu para sua responsabilidade um velho desejo da classe jornalística, a criação de um conselho federal que teria poder de, como os conselhos de outras profissões, fiscalizar e disciplinar o jornalismo.
Claro que a "grande imprensa" caiu de pau, confundiu tudo, não deu a mínima chance para os jornalistas explicarem o que pretendiam. Como resultado, o governo recuou e engavetou o projeto, numa ação covarde e extremamente prejudicial à categoria - o resultado, como se viu, foi que anos depois, o STF acabou com a profissão de jornalista, naquele momento um ofício já extremamente fragilizado por outra decisão do Supremo, a que extinguiu a Lei da Imprensa.
No fim do ano passado a Confecom trouxe alguma esperança para quem pretende ver no país uma imprensa verdadeiramente democrática e livre - democrática porque dá voz a todos e livre porque está acima do interesse meramente comercial.
Novamente, as empresas que detêm o monopólio da comunicação no país se insurgiram contra a iniciativa, classificando-a, no mínimo, como uma reunião de esquerdistas que pretendem controlar a mídia - os barões da imprensa odeiam o verbo controlar, embora seja o que mais usem, na prática.
A última discussão sobre a necessidade de a imprensa brasileira estabelecer algum parâmetro em sua atuação veio do deputado federal Cândido Vacareza, do PT paulista, que tem um projeto que estipula a autorregulação, nos moldes do setor publicitário, com o seu Conar.
E, mais uma vez, ele é impedido de expor de maneira clara o que pretende. Os órgãos de comunicação, como fizeram das outras vezes, não dão a menor bola para o assunto, tratam de desconsiderá-lo como se fosse algo totalmente irrelevante.
Sinceramente, acho que essa é a atitude típica dos desesperados, daqueles que, por alguma doença mental, se recusam a encarar a realidade.
O Brasil mudou muito nesses últimos anos, tanto que grande parcela de sua população já se preocupa com temas que antes eram relevados. O imenso poder de manipulação da mídia é um deles. Fingir que está tudo bem e jogar a sujeira para baixo do tapete é uma atitude que marcará de maneira profundamente negativa os que dela fazem uso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário