domingo, 2 de maio de 2010

Fé de mais

Pena que a imprensa tenha dedicado tão poucas linhas à passagem do candidato tucano à Presidência, José Serra, por Santa Catarina. Em pleno Dia do Trabalho, o ex-governador paulista preferiu ficar longe das comemorações das centrais sindicais em seu Estado e foi a estrela de um encontro de evangélicos em Camboriú.
Os breves registros de sua passagem por terras catarinenses, porém, são suficientes para mostrar que o homem é mesmo um predestinado. Ou um cara de pau sem tamanho.
Não me refiro ao fato de ele ter começado seu discurso de campanha com o "Que todos estejam com a paz do Senhor", a tradicional saudação dos evangélicos - justamente ele, que foi um dos membros mais ativos da Ação Popular, o braço marxista da Igreja Católica. Mas isso é uma outra história, ou melhor, um fato que ficou perdido numa história longínqua, que o nosso personagem, certamente, prefere não lembrar.
Também não me espanta que ele tenha aproveitado a multidão de fiéis para pedir uma ajuda ao divino - até os ateus mais empedernidos têm seus momentos de dúvida e na dúvida... "Peçam que Ele me dê sabedoria para enfrentar as batalhas daqui por diante. Todas elas voltadas ao progresso do país", solicitou o humilde candidato.
O que me espantou mesmo na performance do tucano foi a sua intimidade com o Deus louvado pelos cristãos. Tendo como mote a sua passagem pelo Ministério da Saúde do saudoso governo FHC, Serra defendeu a lei que fez para proibir que se fume em áreas fechadas e, de quebra, afirmou que os fumantes são, se não a escória do mundo, pelo menos os seres mais indicados para arderem eternamente no fogo do inferno: "A pessoa que fuma sabe que o cigarro vai fazer mal, mas continua assim mesmo. Depois, adoece e mesmo assim continua fumando. Assim é uma pessoa sem Deus. Sabe que Ele está ali, mas não o procura", afirmou o nosso herói.
Pois é, o homem está mesmo impossível. E ainda nem encomendou a mudança para o Palácio do Planalto.

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