Os analistas dos jornalões não se cansam de dizer que, em razão dos últimos acontecimentos no Senado, Lula e o PT tornaram-se reféns do PMDB. A constatação vem depois de críticas contundentes sobre o comportamento do partido no episódio da tentativa de apear José Sarney da presidência da Casa.
Vamos ligar o primeiro neurônio: se Sarney, levado ao posto de presidente do Senado pelos votos do DEM e PSDB (o candidato do PT era o senador Tião Viana), caísse, no seu lugar entraria Marconi Perillo, tucano de Goiás, uma certeza absoluta que a pauta dos trabalhos ficaria mais trancada do que nunca - tudo o que o governo não quer. Portanto, para o governo é imprescindível ter um aliado no comando da Casa.
Agora, vamos ao segundo neurônio: o PMDB deu apoio ao governo tucano de FHC. Sem ele, o Príncipe não teria realizado a obra grandiosa que o país herdou. Hoje, o partido apoia Lula, não para se redimir dos pecados que possa ter cometido no passado, mas porque agremiação inorgânica que sempre foi, viu que não é mau negócio se aliar a um presidente popular de centro, que, na essência, não mexeu com nada vital ao establishment. E também porque esse presidente compreende que, para permanecer no cargo para o qual foi eleito e fazer as reformas que pretende, precisa do apoio parlamentar. Michel Temer, todos sabem, não morre de amores por Lula, mas, como o petista, é um pragmático.
Terceiro neurônio em ação: se o PMDB não estiver na base de apoio do governo, restará a ele se juntar à oposição. Ou seja, se Lula não fizer de fato um governo de coalizão, se não defender as lideranças do aliado nos momentos mais difíceis, se não obrigar o PT a entender que o governo tem de ser compartilhado com as outras forças políticas do país, é bem provável que o PMDB caia fora do barco. E, se isso ocorrer, bye bye planos para 2010.
Os analistas dos jornalões sabem disso. Só não contam para os seus leitores.
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