quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sangria

Insatisfeito com os resultados dos negócios, Abílio Diniz trocou o comando do Pão de Açúcar. O novo chefão será Claudio Galeazzi, que tem se notabilizado por "salvar" empresas à beira do precipício. O seu método prima pela simplicidade - e crueldade: cortes e mais cortes até o osso ficar exposto.
Foi assim que ele e sua turma trabalharam há poucos anos para tirar o Estadão do buraco em que foi jogado pela família Mesquita. Em um ano, demitiram cerca de metade dos funcionários do grupo, extinguiram seções inteiras e traumatizaram uma redação que já não tinha uma auto-estima elevada.
Um dos métodos usados pelos "Galeazzi boys" obrigava os editores a um exercício que chamavam de "orçamento zero". Consistia em imaginar uma situação limite para o funcionamento de sua editoria: qual o mínimo de recursos - materiais e humanos - necessário para pôr as notícias na rua? A partir disso, cortava-se.
Tudo era dissimulado, nada explícito. As decisões eram camufladas de modo a parecerem vindas "de baixo" - e, afinal, a responsabilidade pela sangria recaía em algumas poucas pessoas, nunca nos interventores.
Terminado o processo de enxugamento, ficou a impressão de que tudo aquilo que havia sido feito por meio de planilhas, reuniões e seminários era simplesmente a prática bem disfarçada do método mais antigo e sem imaginação usado pelas empresas em má situação. Para a turma do Galeazzi, empregado é sinônimo de prejuízo.

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