sábado, 8 de dezembro de 2007

Linha de montagem

A vocacão brasileira de exportar mão-de-obra para o futebol mundial consolidou-se em 2007. Nos quatro anos passados, o país mandou para o exterior uma média de 842 jogadores por ano (858 em 2003, 857 em 2004, 804 em 2005 e 851 em 2006), mas em 2007, segundo dados da CBF, foram embora 1.085 atletas - um acréscimo de 27,5% em relação a 2006.
O número é impressionante se comparado com 2002 (665), primeiro ano das estatísticas da confederação - aumento de 63%.
Os jogadores do Brasil vão para quase 90 países. Portugal é o campeão absoluto - recebeu 227 brasileiros para atuar nas várias divisões de seu futebol profissional. Mas as transações são feitas também com países que, ou não têm nenhuma tradição futebolística, como a Líbia (2), ou ligações distantes com o Brasil, como o Vietnã (20).
Na relação dos importadores estão ainda países de futebol forte, como Itália (47), Espanha (38) e Inglaterra (6). Ou mercados emergentes, como Rússia (11), Ucrânia (7), Grécia (18) e Turquia (13). Até a fechada República Islâmica do Irã aprecia nossos jogadores e, neste ano, contratou 6 deles.
Os exportadores também estão espalhados pelo país todo. Entre eles incluem-se todos os clubes da Série A do futebol e obscuros integrantes das federações mais pobres, como a Associação Desportiva Jaruense, de Rondônia, ou o Luverdense Esporte Clube, do Mato Grosso. O negócio parece ser muito bom: o Pão de Açúcar, de São Paulo, fundado para ser um projeto social pelo empresário Abílio Diniz, negociou 6 jogadores.
Talvez já conhecendo esses números, o presidente Lula chamou o atual treinador da seleção portuguesa, Luís Felipe Scolari, para uma conversa. Os dois falaram exatamente sobre esse tema: como evitar - ou, pelo menos, adiar - o êxodo dos atletas. Claro que não chegaram a nenhuma conclusão. Qualquer tentativa nesse sentido irá apenas diminuir um pouco a hemorragia. O futebol é, cada vez mais, um espetáculo que necessita de novos astros a todo instante. E o Brasil é, sem nenhuma dúvida, a maior escola do mundo.

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