quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Fora do tempo

É estranho que no Brasil do século 21, uma democracia nova e promissora, que finalmente parece dar mostras de querer se igualar aos grandes, seja no campo econômico ou no cultural e social, surja um personagem como o bispo dom Luiz Cappio. Espécie de dom Quixote, trava uma luta desigual contra o governo. Tudo indica que realmente acredita em sua causa - a vida do rio São Francisco.
Porém, atua como espécime completamente deslocado da realidade. Alguém precisa explicar a ele que numa democracia as coisas funcionam de outra maneira - o respeito pela opinião minoritária não implica sujeição a ela. A negociação é a chave do entendimento. Um poder legitimamemente constituído não pode ficar refém da vontade alheia - ele tem o direito de exercer plenamente seu mandato. Contra os abusos, existe o Judiciário, que dá a última palavra.
O bispo parece não entender o jogo da democracia. Mas talvez seu mundo ainda não tenha ingressado plenamente nesta era contemporânea, de outros valores.
Talvez ele viva, sem saber, uma contradição.

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