terça-feira, 11 de setembro de 2007

Figuraça

O senador Eduardo Suplicy é uma figura. Embora seja do PT, poucas vezes, nos últimos tempos, vestiu a camisa do partido ou agiu de forma a preservar a unidade da coligação que mantém o presidente Lula no poder. Flutua como uma nuvem acima das tendências que formam o PT e atua sem dar satisfação a ninguém.
É um livre pensador. Tão livre que, algumas vezes, as suas posições se confundem com as de seus adversários.
Diz sempre que age a favor da ética, seus eleitores o admiram devido a esse seu comportamento. Porém, é ético desobedecer orientação partidária, como Suplicy fez em pleno auge da crise do chamado "mensalão"? Ou causar repetidos constrangimentos aos seus colegas de partido ao assumir posições intimamente ligadas às da oposição - e coincidentemente, da mídia?
Porque parece que esse é o ponto nevrálgico do senador - a mídia. Ele adora estar em evidência. Deixou isso explícito várias ocasiões. Age como que movido a marketing, sempre tendo de expor ao seu eleitorado - uma classe média que se julga avançadinha - uma imagem de político incorruptível, obstinado (embora essa obstinação, na prática, tenha se resumido ao projeto de renda mínimia), quase um modelo.
É isso, quase. Já que falta ao senador Suplicy um plus que marca todos os grandes homens públicos: a capacidade de compreender as sutilezas da política, mundo em que não existe só o branco e o preto.
Quando entender isso, talvez deixe de ser uma figura e não cante nunca mais Blowin' in the Wind.

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