sexta-feira, 1 de junho de 2007

Do contra

O país mais poderoso do mundo é um dos menos pacíficos, mostrou o Índice Global de Paz, criado pelo grupo The Economist, que publica a revista homônima. Entre 112 nações, os Estados Unidos ocupam a 96a posição, espremido entre Iêmen e Irã. O Brasil está na posição 83 do ranking, que traz a Noruega como o lugar mais pacífico do mundo e o Iraque como o menos.
Pesquisas como essa podem não ter muito valor neste universo competitivo em que as nações estão imersas. Afinal, pouco importa se os Estados Unidos não são o paraíso que vendem para todos se, na realidade, eles é que mandam no pedaço. Mas pelo menos esses estudos servem para quebrar os argumentos daqueles que seguem fielmente a cartilha de Washington e não sabem fazer outra coisa a não ser apregoar virtudes de um modelo cheio de imperfeições e disseminador de injustiças.
Gore Vidal, um dos ícones da literatura americana, no alto de seus 81 anos bem vividos, é figura insuspeita para falar sobre esse Estados Unidos da era Bush. Para ele, a direita, na prática, deu um golpe de Estado depois do 11 de setembro e a república foi substituída por um império.
O escritor já acreditou que os Estados Unidos seriam um país em que as pessoas teriam orgulho em viver. Depois da Segunda Guerra Mundial, diz, "havia uma explosão de energia em todas as artes e pensei que os EUA iriam finalmente desenvolver uma civilização, mas não o fizemos - começou a guerra na Coréia e a partir dela nunca deixamos de estar em guerra e isso esfriou minha sinceridade em relação ao otimismo".
Sua consciência sobre o que são os Estados Unidos hoje chega a chocar pela sinceridade: "Abordo a crise com que nos defrontamos - que somos o país mais odiado no mundo - e sou um dos grandes explicadores do que fizemos. Outros escritores não são capazes disso, porque nada sabem sobre a história dos EUA, muito menos sobre o Islã, Saladino, Gengis Khan, Mao Zedong."
Há quem critique Vidal pelo seu antiamericanismo explícito. Mas, diante de tanta unanimidade sobre as benesses que essa poderosa nação espalhou pelo mundo, é muito bom ouvir sua voz desafinada.

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