quarta-feira, 30 de maio de 2007

Lá e cá

O presidente Lula fez sua média com a mídia ao enaltecer a liberdade de imprensa à saída de um evento promovido pela associação das emissoras de rádio e televisão. Não precisava ter enchido tanto os ouvidos dos empresários de comunicação, numa declaração que foi interpretada como de crítica à decisão do governo venezuelano de não renovar a concessão da RCTV. Mas Lula é assim mesmo: se tiver de brigar com alguém, simplesmente não briga. Pelo menos agora que é o presidente da República.
Mas ele poderia ter se saído com uma declaração mais enfática sobre a importância dos meios de comunicação na sociedade democrática, principalmente porque a TV Brasil, de sua inspiração, dá os primeiros passos para sair do papel - no caso, de sua cabeça. E colocar-se a favor da liberdade de imprensa seria justamente apoiar o que seu colega Hugo Chávez fez - ao contrário do que praticamente toda a mídia brasileira afirma.
Chávez deu, na verdade, uma aula de democracia. Soube, pacientemente, esperar que a concessão da RCTV se esgotasse para não renová-la. Poderia, pelo que atentou contra as instituições democráticas da Venezuela a emissora, simplesmente ter cassado a sua concessão, anos atrás. Isso porque a lei o amparava plenamente - em nenhum país do mundo uma emissora que participa de um golpe de Estado, entre outras ilegalidades, como sonegar impostos, pode dizer que pratica a tão decantada liberdade de expressão.
Mas o fato é que Lula refugou, dando suporte a que os oligarcas da comunicação do Brasil e de todo o continente deitem e rolem na pregação anti-chavista - e, por conseqüência, antidemocrática. A lição que fica desse episódio é que os governos, para serem respeitados, têm de ter coragem para fazer o que precisam fazer.
Chávez teve. Lula continua achando que os jornalões, a revista dos Civita, a Globo e suas "co-irmãs" ainda terão alguma consideração por ele e seu governo.
Como diria o companheiro daquele super-herói mascarado e orelhudo: "Santa ingenuidade!"

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