Reduzir a maioridade penal virou, da noite para o dia, remédio infalível para o mal da violência. Na onda de crimes bárbaros cometidos por menores de idade, conhecidos extremistas da direita primitiva clamam pelo sangue dos jovens, como se o seu linchamento sumário satisfizesse a sede de justiça da maioria esmagadora do povo brasileiro. Algumas vozes ainda tentam, em meio à histeria, chamar a massa à razão. Claro que não são ouvidos, tal o burburinho que fazem os novos justiceiros.
Felizmente o país vive em pleno estado de direito. Apesar de todo excesso que possam cometer esses aproveitadores baratos da dor alheia, seu apelo à irracionalidade não tem chance de prosperar neste instante. Os mecanismos da democracia são mais fortes que seus risos de hiena.
A pena para os criminosos está escrita em nossas leis. Resta que seja aplicada de maneira eqüânime, sem intenções maliciosas.
Mais importante para o conjunto da sociedade é encontrar soluções a fim de que os jovens não se sintam atraídos com tanta facilidade ao crime. E esta não é uma missão que cabe apenas aos governantes. Cabe a todo o corpo social, tal a sua relevância. Cabe, primeiro, à família, por mais que ela esteja esgarçada em seus laços afetivos, em suas possibilidades financeiras, em suas perspectivas profissionais. E, se à família está reservado o papel de formador da personalidade do jovem, é preciso ressaltar que cimentar os valores contrários ao vício é uma prerrogativa da tão louvada elite brasileira - aqueles 5% que detêm 90% da riqueza nacional. É obrigação dessa minoria dar ao jovem não só a mais completa educação possível, mas ainda a esperança de que ele possa aportar seguro ao seu sonhado destino.
Continuar a passos desenfreados na estrada do hedonismo inconseqüente só levará tal elite ao suicídio. Infelizmente, junto com ela irão também as ilusões de uma juventude que tenta ser ouvida e é, covardemente, ignorada.
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