Um dia depois de o presidente indígena Evo Morales visitar o Brasil e negociar um aumento para o gás que fornece ao país, o canal Futura mostrou, no programa Passagem Para, impressões de um povo pobre, mas orgulhoso de si e de sua terra. Para aqueles homens e mulheres pequeninos, a Bolívia hoje começa a ter cara de nação, muito mais que simples território ocupado há muitos anos por seres vindos de lugares distantes. Ouví-los falar deu a impressão de que, mais do que tudo, eles começam a deixar de ter pena de si próprios e sentem inundá-los a consciência de que podem construir seu destino. Nem que para isso tenham, num primeiro momento, de ser alvo de zombarias de seus vizinhos mais ricos - mas nem por isso, mais dignos. Ainda é cedo para saber se o futuro será complacente com os prováveis erros do aymará Evo e seus seguidores. Tomara que sim. E tomara que as forças tremendas que se erguem contra seu sucesso não sejam mais fortes que a magia que vem levando esses frágeis indígenas a sobreviver por séculos e séculos à opressão, à ignomínia e ao desdém. O sucesso da nova Bolívia será o sucesso da civilização, ao contrário do que pensam alguns.
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