sábado, 19 de setembro de 2015

A vocação do brasileiro para ser Terceiro-Mundo

Vamos esquecer por alguns instantes a degradante desigualdade social que envergonha o Brasil perante as outras nações e é um dos fatores determinantes para impedir o país de chegar ao Primeiro Mundo.

Vamos ficar apenas nas atitudes corriqueiras do povo, ações aparentemente sem consequências, que mostram o quanto somos subdesenvolvidos, por mais que muitos tenham frequentado escolas caras, viajado ao exterior - até Miami e a Disney entram nessa conta -, mantido contato com culturas diferentes, façam questão de se manter informados e coisa e tal.

É só dar uma voltinha pela cidade - qualquer cidade -, de carro, de ônibus, de metrô, ou a pé, para ver o quanto o brasileiro médio é deseducado, egoísta, incapaz de expressar as mais elementares noções de civilidade ou de cidadania. 

Poucos motoristas, por exemplo, respeitam as faixas de pedestres, os semáforos vermelhos, as vagas para idosos e deficientes.

Poucos se importam em trafegar na velocidade permitida ou em respeitar as mais comezinhas regras do trânsito.

O chão das praças e dos parques estão invariavelmente cheios de porcarias que as pessoas nele jogam.

Os banheiros públicos são como pocilgas.

O jovem que dá seu lugar, no transporte coletivo, a algum idoso, é uma exceção - raríssima.

No âmbito das relações pessoas, quantos amigos, colegas de trabalho ou parentes não se orgulham de fraudar o Imposto de Renda?

E quantos comerciantes fazem de conta que a nota fiscal não existe?

A internet, com as redes sociais, tem se mostrado eficiente instrumento para medir o grau de incivilidade do brasileiro médio.

Os comentários postados abusam dos palavrões mais grosseiros, passam pelo racismo explícito e desembarcam no ódio mais profundo contra minorias, ideologias, cor da pele, condição social, origem geográfica - é como se reunisse num só lugar toda a maldade humana.

A imprensa e os meios de comunicação, poderosas armas para a educação em massa, seguem a lógica do capitalismo mais primitivo, de lucrar a qualquer custo.

Pior, se tornaram panfletos partidários da oligarquia que não aceita o trabalhismo - na verdade, a social-democracia - à frente do Poder Executivo. 

O Judiciário é ineficiente, a serviço dos plutocratas, distante da realidade social, preocupado apenas em manter o status quo.

O Legislativo ... bem, resumindo, é um balcão de negócios - negócios muito lucrativos.

O cenário é desolador.

Talvez, se as medidas de inclusão social continuarem, se forem investidos bilhões para melhorar a educação pública, se os meios de comunicação ganharem um marco regulador - se tantas coisas necessárias forem feitas -, em algumas décadas o Brasil poderia deixar de ser apenas uma potência econômica para se tornar uma nação também desenvolvida socialmente, uma democracia madura, que respeitasse as leis - ao menos isso.

Como, porém, nada se pode prever neste momento em que forças poderosas puxam o país de volta ao passado, só nos resta a esperança.

2 comentários:

  1. Não só a esperança nos resta. Mas também a boca pra botar no trombone. E eventualmente as pernas prá correr. Que a coisa não tá pra brincadeira. Valei-me meu São Benedito!

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