quinta-feira, 18 de junho de 2015

A falta que faz uma oposição de verdade


Quanto mais leio o noticiário político, mais sinto a necessidade de o Brasil contar com uma oposição séria, de verdade, não esse bando de oportunistas, picaretas em grau variado, que tenta defenestrar o governo trabalhista do Palácio do Planalto na base do grito.

Toda democracia forte se constrói com uma oposição de princípios ideológicos profundos.

Desde o fim da ditadura militar até 2003 o PT foi oposição. 

Muitas vezes, inconsequente.

De uma coisa, porém, o partido não pode ser acusado: todo mundo conhecia a sua linha ideológica, seus próceres nunca esconderam a simpatia pelo socialismo, embora não soubessem - e até hoje há dúvidas quanto a isso - que tipo de socialismo queriam.

O PT sempre foi um saco de gatos, abrigando cristãos, trotskistas, marxistas-leninistas linha dura, sindicalistas, pessoas de toda linha de pensamento político da esquerda, enfim - as chamadas "tendências".

Com a vitória de Lula, foi feito um pacto com o empresariado, agronegócio, setor financeiro, partidos de centro-direita, para que o governo tivesse um mínimo de governabilidade.

O PT claramente deixou de ser socialista para se tornar uma agremiação na linha da social-democracia escandinava.


Proporcionou grandes ganhos ao capital, ao mesmo tempo que deu suporte a políticas sociais que tiraram da miséria dezenas de milhões de brasileiros.

Ampliou extraordinariamente, com isso, o mercado de consumo.

O Brasil passou praticamente incólume pelos primeiros anos da maior crise econômica vivida pelo planeta desde o crash da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929.

Foi uma década de desenvolvimento em várias áreas - Lula deixou o segundo mandato com aprovação popular recorde.

Dilma, de certa forma, deu continuidade ao projeto do PT, de transformar o Brasil numa social-democracia na qual o Estado é ao mesmo tempo indutor do crescimento econômico e protetor das camadas mais pobres da população.


A crise internacional, porém, cobrou o seu preço, e já começam a aparecer alguns problemas econômicos, com consequências óbvias no campo social.

A derrota de Aécio Neves para Dilma, no ano passado, quando o cenário parecia extremamente favorável ao tucano, despertou na faixa mais à direita do eleitorado uma ira profunda contra o petismo, reverberada pela imprensa empresarial, que igualmente não suporta a ideia de o Brasil ser uma democracia verdadeira.

A oposição, em vez de aproveitar o momento delicado do segundo governo Dilma, às voltas com as seguidas traições de um parceiro movido pelo oportunismo, para passar à sociedade uma mensagem clara de seus princípios, de sua alternativa para a construção do futuro do país, simplesmente atua de forma irresponsável, carbonária, incendiária, fazendo a política de terra arrasada, do quanto pior, melhor.

Parece que sua intenção é apenas passar à história como participante do pior Congresso jamais eleito, trazendo à luz temas tão irrelevantes como polêmicos para a sociedade.

A reforma política que vota é uma antirreforma.

A pauta social é digna dos programas popularescos da televisão - Datena que se cuide...

As manifestações "religiosas" são patéticas, com seu viés medievalista.

A política é uma das mais nobres e importantes manifestações do ser humano.

No Brasil de hoje, se tornou uma das mais perniciosas atividades a conspirar contra as mudanças econômicas e sociais tão urgentes e necessárias.

Um comentário:

  1. Nossa oposição capitaneada pelo ilustre ex-presidente sociologo, foi colocada em seu devido lugar pelos sucessivos governos petistas: o banco de reservas. Alguns de seus representantes tentaram ainda pouco, fazer firula oposicionista em um pais vizinho, e acabaram levando um baita escracho. Pobre e totalmente perdida, de nossa oposição. Vai pro brejo politico celeremente.

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