quarta-feira, 20 de maio de 2015

Um retrocesso chamado voto distrital

A turma do atraso, depois de aprovar a terceirização das relações trabalhistas, tenta emplacar, sob o mágico nome de reforma política, o voto distrital, uma das mais profundas formas de retrocesso sociais de que se tem notícia.

Essas pessoas vendem o voto distrital como se ele fosse o exemplo acabado de Justiça. Com ele, alegam, acaba esse negócio de um Enéas, algum candidato qualquer "puxador de votos", acabar elegendo, na esteira de sua popularidade, outros companheiros de legenda inexpressivos, como a atual legislação eleitoral permite.


Para tais espertalhões, o voto distrital acabaria com essa anomalia permitida pelo voto em legenda.

O que eles não dizem é que esse novo sistema que se pretende moderno, na verdade é apenas uma porta para a reentrada no cenário político brasileiro dos velhos coronéis donos de currais eleitorais.

De acordo com a proposta, o país seria dividido em "ene" zonas eleitorais e cada uma delas elegeria apenas um representante para o Legislativo. 

As vantagens apresentadas pelos entusiastas da ideia: as campanhas seriam mais baratas, os eleitores conheceriam melhor os candidatos, que, por sua vez, conheceriam melhor os problemas da região que representariam.

O que eles não dizem: os candidatos de menor poder econômico não teriam a menor chance de serem eleitos, mesmo se houvesse a imposição de um teto para os gastos da campanha.

Além disso, acabaria a figura do político ideológico, esse que é votado não porque promete uma obra qualquer ou porque distribui favores, mas sim porque representa um determinado conjunto de ideias.

O resultado seria, obviamente, um Parlamento ainda mais conservador e menos representativo do conjunto da sociedade brasileira que esse atual, uma aberração sob todos os aspectos.

A verdade é que uma reforma política de verdade é algo muito complexo e ainda distante de se tornar realidade.

Os interesses de quem deve fazê-la, ou seja, os nossos congressistas, são contrários a mudanças que possam afetá-los.

Entre elas estão o fim do financiamento eleitoral privado, que é uma das fontes primárias da corrupção que todos afirmam combater.

Mas, como se vê, são poucos os parlamentares que se movem nessa direção.

E os que se movem são duramente criticados pelas forças do reacionarismo, que tentam levar o Brasil de volta aos anos infelizes da Casa Grande e Senzala.

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