terça-feira, 18 de novembro de 2014

A dor ciática e o enfermeiro preocupado com a economia

Um domingo daqueles...
A dor ciática, provocada por um bico de papagaio, que me acompanha há alguns anos e estava quase adormecida ultimamente, acordou com tudo.
No sábado, era forte, mas ainda dava para andar, sentar, ler, dormir.
No domingo, não podia fazer nada disso.
Ela gritava qualquer que fosse a posição do corpo.
O jeito foi ir ao PS do hospital de Serra Negra, que atende a Unimed, o único plano de saúde da região.
A médica, simpática, foi me ver epois de quase uma hora de espera, me contorcendo numa cama em um quartinho do modestíssimo hospital.
Ela até pensou em injetar um corticóide, mas escolheu um anti-inflamatório, porque era a única coisa que eles tinham lá para aliviar a minha dor.
Uns 40 minutos depois, conseguia, a passos ainda trôpegos, o pé esquerdo sem sensibilidade, sair do hospital.
À noite, tomei a medicação prescrita. Duas hora depois, a dor piorava.

Não teve jeito.
Voltei ao hospital - a médica havia recomendado que a procurasse novamente se o medicamento não fizesse efeito.
Mas ela já tinha ido embora.
Teria de entrar numa enorme fila para passar por uma consulta com um outro plantonista.
Rumei, então ao posto de Pronto Atendimento da Unimed, em Amparo.
Lá, foi tudo rápido.
O médico me prescreveu outros remédios, mais fortes, e me mandou para a enfermaria.
- Qual o problema, perguntou o enfermeiro
- Ciática, respondi.
- Ah, pode deixar, vou aplicar uma injeção para tirar a dor.
E saiu.
Logo que acabou de me espetar, perguntou:
- O sr. faz o quê?
- Sou jornalista, mas estou aposentado, respondi
- Que tipo de jornalista?
- Trabalhei no Estadão 18 anos e depois no Valor, em São Paulo.
- Ah, então deixa eu perguntar uma coisa: como vai ser a economia no ano que vem?
- Depende muito da situação internacional, mas acho que não vai ser nenhuma tragédia.
- Escutei que o Brasil teve déficit este ano...
- Deve ser essa história do superávit primário que você ouviu. Isso não tem a menor importância. Aliás, quanto menos fizermos de superávit, que é dinheiro para pagar juros de dívidas, melhor, pois sobrará mais para investir em outras coisas.
- A Miriam Leitão falou que isso é como o Brasil entrar num cheque especial. Outra coisa: por que a gasolina e o álcool são tão caros no Brasil?
- A gasolina eu sei que não é cara, você pode ver quantos aumentos houve nos últimos anos e de quanto foi esse último. 
- E por que os carros custam tanto aqui?
- Bem, é o lucro Brasil. As montadoras têm uma margem de lucro imensa.
- Mas e os impostos?
- Podem até ser altos, mas eles vivem tendo desonerações fiscais.
- É, o IPI... Mais uma coisa: o pessoal está falando que o governo vai mexer na poupança?
- Cascata, mentira. Isso é tudo boato que o pessoal que perdeu a eleição anda espalhando. Fique tranquilo, a economia em 2015 vai ser no mínimo igual a deste ano. 
E com isso encerramos o nosso bate-papo.
Nos despedimos.
A dor na minha perna esquerda me acompanhou até a cama.
Mas acordei só com o pé ainda dormente.
Como boa parte do cérebro das pessoas.

Um comentário:

  1. Importante que o blogueiro se recupere prontamente. Ja a Economia, vamos ver os novos Ministros o que dizem! Até o Professor Delfim está cotado. De Economia acho que ele entende! Boa sorte nas escolhas de nossa Presidenta.

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