domingo, 26 de janeiro de 2014

A Casa Grande não brinca em serviço

As imagens falam mais que mil palavras.
A velha máxima nunca foi tão verdadeira quanto na quinta-feira, 23 de janeiro de 2014.
As fotos estão aí na internet para todos verem.
Para quem preferir o movimento, existem os vídeos.
E há o discurso da delegada, desmentindo as evidências.
Como se fosse possível criar uma outra realidade, diversa dos fatos.

Nas fotos e nos vídeos, toda a brutalidade de uma ação desumana e insana.
Na verborragia oficial, todo o cinismo dos que se julgam acima das leis - justo eles que se dizem combatentes do crime.
Essa dicotomia marca a sociedade brasileira hoje.
De um lado está quem deseja mudar verdadeiramente o país.
De outro, quem resiste a qualquer mudança.
De um lado, aqueles que enxergam no ser humano a capacidade de transformar não só o ambiente, mas a si próprios, superando suas fraquezas, seus vícios e toda a fragilidade da existência.
Do outro, os que veem no homem apenas um instrumento a ser explorado em busca da acumulação do capital, dos prazeres fugazes e dos meios fáceis de materializar seus desejos de poder.
Anos atrás, quando o Brasil vivia nas trevas da ditadura, um daqueles ignóbeis generais que se revezavam no comando da tropa dos "90 milhões em ação", proclamou, do alto de sua proverbial ignorância, que a luta de classes estava abolida nestas tórridas terras.
Infelizmente, seu decreto não se cumpriu.
A Casa Grande e a Senzala ainda estão entre nós e só não vê isso quem tem os olhos como os daquele esquecido general-ditador, sempre escondidos atrás de grossas e escuras lentes de um óculos grande e desengonçado.
Este será um ano difícil.
Nem começou e já os moradores da casa grande mostram aos da senzala que a ignorância e a violência não são fortuitas, mas sim fazem parte de um rigoroso planejamento e de uma apurada estratégia.
A casa grande não brinca em serviço.
Ela sabe que o general-ditador estava completamente errado quando quis contradizer as lições daquele velho e barbudo mestre alemão.

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