quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Jornalistas decidem ficar sem aumento real


A campanha salarial dos jornalistas de São Paulo se encerrou, melancolicamente, depois de quatro meses. 
Eles aceitaram a proposta patronal de um reajuste de 6,95%, o correspondente ao INPC de junho de 2012 a junho de 2013, para os salários até R$11.863,54. Quem ganha entre R$ 11.863,55 e R$ 13.740,00 receberá R$ 824,51 de aumento e quem ganha acima de R$ 13.740,00 terá um índice de reposição de 6%.
Essa proposta foi aprovada pela quase totalidade dos jornalistas que votaram num "plebiscito" organizado pelo sindicato da categoria, que, inclusive, a defendeu.
Dessa forma, os jornalistas concordaram em ficar sem aumento real de salário- e até mesmo em ter um reajuste abaixo da inflação - endossando a conversa mole dos patrões de que eles não poderiam oferecer mais, já que sofrem os efeitos de uma terrível crise econômica.

O interessante é que, publicamente, essa tal crise é sempre negada.
Nas raras ocasiões em que falam de seu negócio, os empresários de comunicação dizem que os jornais registram aumento de circulação e publicidade.
Isso sem contar que, com tantas demissões que fizeram neste e em anos passados, a produtividade deve ter explodido: os jornais continuam circulando com o trabalho de redações que estão "no osso", enxutas até a indecência.
O sindicato lava as mãos, já que a decisão de aceitar um reajuste que mal e mal cobre a inflação foi da própria categoria.
Jornalistas deveriam ser pessoas bem informadas, esclarecidas sobre os problemas do mundo, e, principalmente, sobre sua própria situação.
Mas, como se vê, formam um grupo majoritariamente alienado até do que se passa à sua volta.
Não sabem, por exemplo, que a maioria das categorias profissionais tem conseguido, nesses últimos anos, aumentos reais polpudos, ou seja, bem acima da inflação.
Para isso, porém, é necessário um mínimo de esforço, um mínimo que os jornalistas se recusam a fazer, seja por medo de perder o emprego, seja por solidariedade aos patrões, seja, simplesmente por achar que estão acima dessas picuinhas da vida cotidiana.
O universo paralelo no qual habitam dá a eles a garantia de casa, comida, transporte, educação para os filhos, plano de saúde e até mesmo lazer, com direito a férias no exterior.
Em troca de tudo isso, só exige a dignidade, mercadoria facilmente comercializável.



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