sábado, 24 de agosto de 2013

O Ministério Público e a esquizofrenia



O Ministério Publico do Trabalho aparentemente se engajou na luta para manter a saúde pública brasileira na péssima situação em que se encontra há séculos.
Estranhamente, um de seus procuradores aceitou os argumentos corporativistas/partidários/ideológicos das entidades médicas e afirmou que o acordo fechado entre os governos brasileiro e cubano, com o aval da Organização Pan-Americana de Saúde, para que 4 mil médicos atendam a população miserável do país, fere a legislação trabalhista e a Constituição.
Esse súbito interesse do MP do Trabalho sobre a questão deverá trazer mais problemas para o governo concretizar seus planos de melhorar a saúde pública.
A constatação óbvia é de que o MP do Trabalho faz uma leitura extremamente otimista da situação.

Certamente acha que os 701 municípios que se preparam, ansiosamente, para receber os profissionais cubanos, não têm nenhuma necessidade de contar com pelo menos um médico para diminuir o sofrimento de seus habitantes. 
Se não me engano, o Ministério Público foi criado para defender os interesses do cidadão brasileiro.
Poucas vezes, porém, se ouve falar de alguma ação de vulto do MP do Trabalho em prol de sua "clientela".
As empresas fazem o que querem com os direitos trabalhistas, demitem à vontade, pagam salários muitas vezes aviltantes - as violações da sagrada legislação trabalhista são a norma, não a exceção.
Nessas horas, onde está o MP do Trabalho?
Quantas vezes interveio numa demissão em massa?
Ou se manifestou para acabar com a degradante terceirização, essa praga que criou o trabalhador de segunda categoria?
Esse pessoal parece sofrer de esquizofrenia, ou de autismo, ou, sei lá, de alguma doença que não permite entrar em contato com a realidade.
O programa Mais Médicos não é uma brincadeira, mas uma necessidade: o que está em jogo é a vida de milhões de seres humanos, hoje largados à própria sorte, abandonados nos mais remotos locais do país.
O MP do Trabalho diz que o trabalho dos médicos cubanos não tem urgência.
Num outro mundo, talvez.
Neste, está algumas centenas de anos atrasado.
Mas, se for pela vontade desse incrível MP do Trabalho, que age absolutamente de acordo com os interesses corporativistas/partidários/ideológicos de uma categoria profissional que se julga acima de todos os outros cidadãos, o Brasil vai continuar inerte à assistir a parcela mais desprotegida de seus cidadãos implorar por um gesto mínimo de humanidade.

3 comentários:

  1. Vão bater de frente com pactos e acordos de reconhecimento de diplomas dos quais o Brasil é signatário.

    ResponderExcluir
  2. nao use o termo esquisofrenia aonde nao cabe e se os medicos nao quer trabalhar no brasil da lugar pra quem quer trabalho

    ResponderExcluir
  3. Lembremos que há 30 anos o histórico semanário "O Pasquim" já chamava essa elite de "máfia de branco"

    ResponderExcluir