quinta-feira, 6 de junho de 2013

Pobre Portugal, afundado na recessão


É triste ver a economia da Europa se desmanchar, vítima da irresponsabilidade do mercado financeiro e, agora, de governos que insistem numa terapia de arrocho que não pode dar certo. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de Portugal ontem (5), dia em que o governo de Pedro Passos Coelho completou dois anos de mandato, revelam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 4% de janeiro a março deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, que já era recessivo.
Esse é o nono trimestre consecutivo em que a riqueza do país encolhe. Em 2011, a recessão chegou a 1,6% e, em 2012, houve queda de 3,2%. Juntamente com o PIB, o INE divulgou que a procura interna (consumo das famílias e das empresas) caiu 6,4% e o emprego teve retração de 5,2%.

O economista Alexandre Abreu, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (Iseg), calcula que a recessão eliminou 400 mil postos de trabalho nos últimos 24 meses, 100 mil só no primeiro trimestre deste ano - números trágicos. “A espiral recessiva, longe de abrandar, aprofunda-se cada vez mais”, escreveu no blog de economistas Ladrões de Bicicleta.
A diminuição do consumo determinada pelo forte desemprego (taxa próxima a 18%, correspondente a 952,2 mil pessoas sem trabalho oficialmente) fez com que a importação do país caísse 6% na comparação com o primeiro trimestre de 2012. A exportação de serviços puxou a ligeira alta das exportações totais, que tiveram comportamento estável (+ 0,1%).
Outro efeito da diminuição da atividade econômica é a queda na arrecadação: -8,9% na comparação anual, “apesar da brutal carga fiscal”, assinala Alexandre Abreu. O dado tem impacto nas contas públicas e poderá provocar déficit orçamentário, contrariando o programa de ajustamento econômico financiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia, que formam a chamada Troika.
Ontem à noite, o FMI publicou comunicado reconhecendo que, no caso da Grécia, que também segue acordo com a Troika, o ajustamento econômico manteve a dívida pública em proporção “não sustentável” e que o programa não restabeleceu a confiança do mercado financeiro internacional para o país rolar a dívida com títulos do Tesouro.
No caso português, “o regresso aos mercados” é grande objetivo do governo, reiterado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Na segunda-feira (10), Passos Coelho deverá reunir-se com a presidenta Dilma Rousseff no fim da tarde, em Lisboa. A presidenta brasileira estará na capital portuguesa para participar do encerramento do Ano do Brasil em Portugal. Na data é comemorado o Dia Nacional de Portugal (Dia de Camões). (Com informações da Agência Brasil)

Um comentário:

  1. Tenho medo que isso vá se transformar em um conflito internacional, que certamente descambará em crise mundial. Espero que o governo brasileiro não entre nessa, e assista de camarote, como vem acontecendo...Não quero o mal de ninguem, mas quero nosso bem...

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