terça-feira, 11 de junho de 2013
Alckmin, o fantasma
Pesquisa do Datafolha mostra o governador paulista Geraldo Alckmin bem avaliado pelos eleitores e, o que é melhor para ele e seu partido, como o favorito disparado para se reeleger em 2014.
Ora, se essa pesquisa for séria, a primeira interpretação de seu resultado é que o povo paulista está contente com o governo tucano, apesar de os próprios jornalões que o apoiam entusiasticamente noticiarem, a conta-gotas, dia a dia, os capítulos de uma tragédia social que, sob outra administração mais competente, seria impensável de ocorrer no Estado mais rico da federação.
São Paulo, dizem essas fontes insuspeitas, está à beira de um colapso na segurança pública, vive problemas gravíssimos nas áreas da saúde, da educação, da moradia, do transporte público. Suas empresas, asseguram seus comandantes, patinam numa indesejável pasmaceira, são vítimas fáceis da voracidade do dragão chinês.
Será que o paulista é masoquista a tal ponto de, sob essas condições, apoiar, aplaudir, pedir bis a um governante que é responsável direto por essas mazelas, já que comanda há não sei quantos anos o Estado?
Não, essa é uma hipótese absurda.
Mais simples, mais lógico, é supor que grande parte dessas pessoas que dizem que Alckmin é um bom governante, que asseguram que darão seus votos a ele novamente, não têm a menor noção da origem de suas aflições cotidianas.
Não sabem ligar a causa ao efeito.
Não têm informações suficientes para fazer um julgamento minimamente racional, coerente, como se espera de seres humanos normais.
São absorvidos tão completamente pelos seus problemas cotidianos que não param para pensar, sequer por segundos, sobre quem são os responsáveis por eles.
Alckmin é um político que, ao contrário de outros, não gosta de aparecer, não gosta de ficar em evidência, de ser manchete dos jornalões.
A sua mediocridade é tão evidente que ele prefere não se expor, pois assim tem menos possibilidade de escancarar a sua fragilidade.
É, de certa forma, o líder ideal para uma população letárgica, preocupada apenas em sobreviver.
A violência está insuportável, o transporte público é caro e péssimo, as escolas deixaram há muito tempo de ensinar, as unidades de saúde são precárias, não se vê investimento em moradias, em infraestrutura, há uma sensação generalizada de que as coisas estão ruins?
Ora, é mais fácil botar a culpa de tudo isso em quem tem o nome exposto diariamente no noticiário do que em um governador que mais parece um fantasma.
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