domingo, 12 de maio de 2013

"Não se faz saúde sem médico"


O Conselho Federal de Medicina não poupou críticas à ideia do governo de trazer médicos estrangeiros para atuar em regiões carentes do interior do Brasil. Várias entrevistas com representantes da categoria foram publicadas nos últimos dias, e em todas a iniciativa foi repudiada em termos veementes. O outro lado, porém, quase não foi ouvido. Mas as ponderações do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, estão desde terça-feira no Blog da Saúde. Com um pouco de boa vontade, o contraditório apareceria nas matérias.
Para quem se interessa pelo assunto, vale ler a nota do ministro, reproduzida abaixo na íntegra:
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou, nesta terça-feira (7), durante anúncio de ações do programa Viver sem Limites, em Brasília, que o governo federal analisa experiência de outros países para atrair médicos para o interior, regiões carentes e periferias de grandes cidades. “Não se faz saúde sem médico. O Brasil precisa de mais médicos com mais qualidade e mais perto da população”, disse. 
O Brasil possui hoje 1,8 médicos por mil habitantes. Esse índice é menor do que em outros países, como a Argentina, 3,2 médicos por mil habitantes, e Portugal e Espanha, ambos com 4 por mil. Em janeiro deste ano, prefeitos apresentaram à presidenta Dilma Rousseff a dificuldade em contratar médicos nos municípios pequenos e regiões mais carentes. “Uma das questões que virou tabu no Brasil é que o país tem muito médico. Contudo, os números não sustentam isso”, destacou Padilha. 
Entre as sugestões apresentadas pelos gestores municipais estão politicas para atração de médicos estrangeiros, a exemplo de estratégias utilizadas por países desenvolvidos. Enquanto no Brasil 1% dos médicos se formou em outro país, na Inglaterra esse índice é de 40% e nos Estados Unidos, 25%. Canadá, 22%, e Austrália, 17%. “Nós vamos continuar estudando alternativas possíveis, inclusive aprendendo com experiências de outros países“, salientou o ministro Padilha. 
As alternativas que estão sendo estudadas pelo Ministério da Saúde com base na experiência de outros países consideram a atuação de médicos com formação de qualidade e a inserção deles na realidade brasileira de forma responsável, bem como sua atuação nas áreas que mais carecem de profissionais. Segundo Padilha, está descartada, por exemplo, a revalidação automática de diplomas e a contratação de médicos de países com índice de profissionais menor que o Brasil. 
Entre as políticas voltadas a atuação de médicos nas regiões que mais precisam, destaca-se a atuação conjunta dos ministérios da Saúde e da Educação na estruturação dos serviços de saúde, ampliação de vagas de graduações em medicina nas periferias e pequenos municípios. 
Outra iniciativa é o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), em que o Ministério da Saúde oferece bolsa de R$ 8 mil para que médicos recém-formados trabalhem em Unidades Básicas de Saúde nas regiões mais carentes. Neste ano, 3.895 médicos estão atuando no programa, que conta com acompanhamento de universidades, especialistas e gestores de saúde.

Um comentário:

  1. Tenho uma sobrinha médica, por acaso. De todos que se formaram com ela (incluindo ela) em uma universidade pública, nenhum optou por ir para o interior. Há muitos médicos nas capitais, mas assim mesmo há especialidades nas quais ainda são insuficientes. No interior, há uma carência absoluta.

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