quarta-feira, 21 de março de 2012

Papel, papelzinho, papelão


O papel do político, todos sabem, é representar seus eleitores nas funções para as quais foi eleito. No caso do prefeito, governar a cidade, o que por si só é uma tarefa hercúlea, não importa se ela é de dimensões liliputianas, ou se trate de uma megalópole, como São Paulo. Um mandato de quatro anos é insuficiente para atender todas as demandas econômicas e sociais da imensa maioria das nossas comunidades.
O papelzinho é oferecido para quem, desconfia-se, tem outras ideias na cabeça, para aqueles que se mostram mais preocupados em usar o cargo para o qual concorre como um mero instrumento facilitador de interesses pessoais: encher os bolsos, encher o ego, encher a paciência de todos nós.
Já o papelão fica por conta de quem é pego na mentira, ou visto trapaceando, ou então se enrola em explicações implausíveis, fantásticas, absolutamente inverossímeis, sobre promessas não cumpridas, tratos desfeitos, palavras desmentidas e ações condenáveis.
O papelão, quase sempre, acaba com a carreira do político, extermina as suas pretensões de seguir iludindo os incautos e enganando os eleitores, mesmo aqueles propensos a exaltar essas lideranças demagógicas que tanto prometem para deixar tudo exatamente como está.
Numa sociedade democrática madura, em que os poderes se respeitam e as leis se cumprem, em que os conflitos são resolvidos por meio do diálogo, em que os cidadãos sabem quais são seus direitos e deveres, em que os meios de comunicação existem para servir o povo e não uma casta privilegiada, o papelão não tem vez.
 No Brasil de hoje, ainda uma nação que luta desesperadamente para vencer misérias seculares e traumas abissais, o papelão é tão recorrente que poucos se dão conta do que, no fundo, ele representa.
No Brasil de hoje, infelizmente, o papelão é mais motivo de chacota do que de consternação.

Um comentário:

  1. Completo dizendo que ambos, o papelzinho e o papelão são, infelizmente, motivos de chacotas para muitos.

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