segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Os zumbis e os coronéis


O prefeito Kassab e o governador Alckmin nada sabiam sobre a operação militar da semana passada contra os viciados da Cracolândia.
Ontem, os PMs dispararam balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo em uma centena de mortos-vivos que se reuniam numa das ruas do local.
Parece um filme de terror, mas não é.
Tudo isso acontece no Estado mais rico do Brasil, que responde por mais de um terço do PIB nacional. Um país desenvolvido, comparável a muitos do Primeiro Mundo, se forem adotados os critérios usuais de classificação.
Se, porém, forem usados outros dados, São Paulo deverá estar no mesmo nível dos países mais injustos, desiguais e atrasados do planeta.
É o exemplo mais acabado do mal que pode fazer uma sucessão de governos neoliberais, da turma que enxerga no Brasil uma grande Senzala conduzida por uma Casa Grande intocável.
Os críticos desse sistema cruel e desumano nem precisam mais recorrer a números ou teorias para comprovar a sua tese.
O que ocorre hoje numa das maiores e mais poderosas metrópoles da Terra é argumento definitivo a favor deles.
Balas e bombas contra os craqueiros...
É a maneira de Kassab e Alckmin desejar um feliz ano novo para os cidadãos paulistanos.
Um ano de eleições municipais. A cidade precisa estar mais bonita e limpa antes que a corrida à prefeitura comece.
De preferência sem a Cracolândia e os zumbis que vivem nela.
E se, como prêmio pela limpeza, algum amigo do prefeito e do governador for eleito, nada melhor que transformar aquele inferno num lugar com a cara neoliberal: um novo gueto destinado à elite.
Construído quase a custo zero - a dor, o sofrimento e a provação dos craqueiros não contam.
Afinal, para quê se importar com esse tipo de gente?

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