Aberta a polêmica sobre a Copa do Mundo no Brasil em 2014, radialistas e jornalistas em sua maioria torcem o nariz, indignados, à pretensão. Como um país pobre, cheio de problemas, terceiro mundo à beira do quarto, pode querer hospedar tal evento magnífico? Não temos estradas, aeroportos, estádios, nada, nadinha, que possa dar a mínima segurança ao empreendimento. E que falar então da roubalheira inevitável que se perpretará pelos nossos cartolas e políticos, inefáveis organizadores de bem azeitadas quadrilhas?
São, enfim, vozes tronitoantes a clamar pela ética, tendo como pano de fundo nossa total incapacidade gerencial e administrativa. O Brasil não é a Alemanha, nem o Japão, muito menos a Coréia do Sul ou os Estados Unidos, lembram. Precisamos, isto sim, de escolas, hospitais, estradas, aeroportos em boas condições. E a segurança, o que dizer dela?
Certo, eles têm razão. Nossos cartolas e políticos são lamentáveis e muitas vezes predispostos a atos condenáveis.
Precisamos de mais escolas, hospitais, estradas e aeroportos em melhores condições - sem falar em milhões de empregos, que possam aliviar a terrível tensão social que paira sobre nós continuamente e termina sempre numa explosão de violência.
Mas esses são problemas que nada têm a ver com a Copa do Mundo de 2014. Para resolvê-los, bem ou mal, existem nossos governantes, que preparam orçamentos específicos a serem cumpridos da melhor maneira possível. São problemas tão grandes que precisariam, para enfrentá-los, do engajamento de toda a nação.
A realização de uma Copa do Mundo é algo bem menor. Exige apenas um bom trabalho administrativo e muito dinheiro - que resultará, num segundo momento, em um bom lucro para quem investí-lo. Não tem nada a ver com governos, cartolas, políticos, corrupção, falta ou não de escolas ou hospitais. É preciso não confundir as coisas.
Realizar uma Copa do Mundo no Brasil é uma tarefa da CBF, com o aval e o suporte da Fifa. Cabe a quem se dispõe a organizá-la arrecadar os fundos necessários para reformar ou construir estádios adequados. Ao Estado cabe dar as condições para que as delegações e público disponham de segurança e meios de transporte eficientes.
Os nossos capitalistas precisam começar a agir como tal e não apenas quando lhes convém.
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